O dia de hoje, 08 de março de 2010, ao contrário do que o senhor pensa, é um dia cheio de significado. Há 100 anos, em 1910, na II Conferência Internacional das Mulheres Trabalhadoras, realizada na Dinamarca, algumas mulheres sugeriram que este dia fosse declarado Dia Internacional da Mulher para lembrar a luta das mulheres do mundo por melhores condições de vida e trabalho, por direitos, igualdade e liberdade. Nestes 100 anos muitas mulheres lutaram e morreram, muitos avanços foram conseguidos, mas ainda há muito o que conquistar. O preconceito não está em ter um dia das mulheres, está no machismo que persiste em nossa sociedade e no que ele nos impõe: salários menores; os trabalhos mais repetitivos, desgastantes e menos valorizados; a violência doméstica e tantas outras formas de violência; a dupla e tripla jornada de trabalho. Nos bancos, ocupamos em menor número os cargos de chefia, nos concentrando nas menores faixas salariais, apesar de apresentarmos em média um nível de escolaridade maior que o dos homens. Somos as maiores vítimas do assédio moral e do assédio sexual e sofremos com a discriminação na ascensão profissional. Mesmo com todo o discurso de responsabilidade socioambiental, os bancos não têm reconhecido as necessidades das bancárias. A licença maternidade de 6 meses, concedida recentemente com base no programa do governo federal que dá isenção fiscal, não é automática. A exigência de solicitação e despacho do gerente expõe a bancária ao assédio moral, podendo levá-la a não exercer seu direito. Os bancos têm muitos espaços ociosos onde poderiam instalar creches para atender funcionárias e terceirizadas, garantindo também o efetivo cumprimento do horário especial para amamentação. Ao contrário, pagam um auxílio de valor irrisório, de R$ 207,95.
A carta abaixo é uma resposta de uma colega à mensagem do Presidente do BB no Dia Internacional da Mulher.
Sr Presidente Aldemir Bendine,
Neste 8 de março, Sr. Presidente, não queremos ouvir palavras bonitas. Queremos, por parte de nossos companheiros, que rompam com o machismo e se somem a nossa luta contra toda forma de opressão à mulher. Queremos, do Banco, o reconhecimento de nossas necessidades e, com ele, a efetivação de direitos. Enquanto todas estas desigualdades persistirem, permanecerá também viva a luta das mulheres. Existirá o 8 de março e com ele a lembrança das mulheres que estiveram aqui antes de nós, que lutaram e abriram caminhos, e a presença das mulheres de hoje nas ruas, nos locais de trabalho, reivindicando e lutando. Este dia permanecerá repleto de significado, mesmo que a nossa sociedade de consumo tente esvaziá-lo e aproveite para vender mais produtos, como flores e perfumes. Mesmo que alguns, como o senhor, não consigam enxergar nele o seu verdadeiro sentido histórico.
Patrícia Vale Ribeiro
Delegada Sindical do Complexo Andaraí/RJ
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