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Próxima Tungada: Horas Extras

 Por Fernando Branquinho
Aposentado do BB

Juntando os cacos de conversas que ouço aqui por Brasília, especulo que até a campanha salarial do ano que vem o rolo-compressor BB-CONTRAF CUT empurrará mais um pacote de enormes concessões com pequenas migalhas aparentes, a exemplo do superávit da PREVI. Da mesma forma que o BB quer acertar o seu balanço para atender exigências de mercado no lançamento de ações no exterior, o passivo trabalhista sempre foi um problema porque seu valor é indefinido, e fica ao sabor das cabeças dos juízes no julgamento das milhares de ações.

A dupla BB/CONTRAF já fez isso outras vezes, quando a área de RH do BB, dominada por sindicalistas patronais, buscou acordos em muitas ações, liquidando-as a valores vis, contando com a lentidão da justiça. Como na PREVI também: quer uma merreca agora ou esperar uma eternidade por um julgamento incerto, e deixar tudo para os herdeiros? No recente PAA o BB contou com a ajuda dos pelegos para convencer os funcionários demissionários a entregar todos os seus direitos por uma mixaria nas Comissões de Conciliação Prévia (CCP). Muitos fizeram isso, e depois choraram ao verem que perderam a chance de lutar pelos direitos na justiça e praticamente impossibilidaram a revisão de benefícios na PREVI, dificultando a conquista de uma aposentadoria mais digna.

O que rola há algum tempo é que o BB quer por fim à questão das horas-extras, até porque em diversos tribunais estão sendo dadas sentenças favoráveis aos funcionários em ações coletivas. O volume de interessados é imenso, inclusive da ativa. Quando isso vai acontecer, depende do informante, até porque aqui em Brasília todo mundo acha que é amigo de alguém que sabe das coisas, e que esse vai revelar em mesa de boteco os segredos estratégicos. Não tem "BB-leaks" confiável. O que se pode inferir, com alguma margem de erro razoável, é que uma parceria patrão-pelegos, com os recursos da "parte" do BB no superávit da PREVI, é que o banco chame as pessoas para uma ampla negociação desfavorável, avalizada pelos mercenários sindicais.

O modelo do negócio envolveria uma CCP, em parceria com os sindicatos, oferecendo valores bem menores que os propostos nas ações em curso e outras possíveis, com pressões imensas que só os patrões conseguem fazer, e que nem é bom explicitar para não dar idéia. E a pelegada dizendo que é um bom negócio. Essa é a fórmula infalível para a derrota dos trabalhadores, mas de tanto dar certo para os patrões, continua sendo repetida apesar dos alertas dos poucos que ainda enxergam a realidade e não se venderam até aqui. 

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