Esse texto é um desabafo como que um suspiro de quem chega um
dia cansado e quer dizer alguma coisa. Embora parecendo um diário, não é
íntimo, não é individual. É pessoal como um diário, mas é aberto, entregue e
quer dialogar com outros diários. Quer desabafar.
PARA ONDE VAI O BANCO?
“Os
medíocres recorrem, em larga escala,
à
inexorabilidade para justificar suas ações.
Quando não são papagaios de seus donos.”
(Da voz da consicência).
“Só
podia ser assim”.
“Estou
apenas cumprindo ordens superiores.”
“Isso
não se discute.”
“Estamos
no capitalismo. Logo, só pode ser assim...”
Essa
lógica de raciocínio levou a genocídios e grandes atrocidades na humanidade
produzidas por ditaduras, guerras, facismo, nazismo, stalinismo, entre outros.
Afinal, estariam os generais alemães apenas cumprindo ordens de Hitler? Ou
tiveram que matar sua própria humanidade para fazê-lo?
Vivemos
um tempo em que só se pode dizer: “Sim, senhor”. Nem que estejamos indo para o
abismo. Nem que estejamos passando por cima da nossa própria humanidade. E o
pior: há aqueles/as que já nem percebem mais isso.
Porque
fugimos de um chamado à consciência? Ou já a jogamos na lata do lixo? Ou a
recolhemos a um recôndito de nossa existência, onde só a consultamos quando nos
for pertinente?
TUDO SEPARADO
E DIVIDIDO
Há
memórias de um Banco onde existia comunhão, comunidade, unidade. A vida em
alojamentos, nas AABBs (hoje são poucas as que funcionam), as festas por
qualquer motivo no Banco.
Há
ainda pequenos resquícios de uma fraternidade na empresa. Pequenos, raros e
fragmentados.
A
sociedade mudou. O Banco mudou. As pessoas mudaram. Nós mudamos.
Logo,
aqui não é um saudosismo. O problema não é que tudo mude. Ao contrário, bem
vindas as mudanças... Mas quais mudanças são bem vindas?
Afinal,
não foram as formas de fraternidade que mudaram. Elas foram dizimadas.
Minguadas. Estão escassas.
Hoje,
dentro de uma mesma unidade, temos o varejão, o Personalizado, o Estilo e o
PSO, por exemplo. Muitas vezes, separados fisicamente.
Mesmos
em unidades de trabalho com tão poucos funcionários, falamos ou encontramos com
bem poucos no dia-a-dia.
Porque,
embora haja o ponto eletrônico (conquista da categoria), nunca o ritmo foi tão
extenuante e intensivo, nunca fomos tão controlados e vigiados (por nós mesmos),
nunca fomos tão cobrados (metas, ameaças, coações, pressão!).
A
quem ajuda a divisão? Quem ganha com a apartação?
E
quem perde com a separação?
Só
podia ser assim mesmo? Você acredita que isso é inexorável? Que não podia ser
diferente? Que só havia essa forma de organização de trabalho? Que só ela é
eficiente e capaz de “responder” às demandas dos novos tempos?
Você
pode pensar de qualquer jeito. Esse texto só quer que você pense! E pense não
só olhando como é, mas pensando num outro lugar, num “como seria”, num “como
poderia ser”, conectado ou desconectado do que é. E, se puder, também pensando
“porque não é de um jeito, mas de outro...”
O COLÍRIO ALUCINÓGENO
Há
na vida algumas opções. Entre elas, podemos enfrentar a dor, encarar o
problema, nos juntarmos para vencê-lo. Mas também há a opção do colírio
alucinógeno: ele alivia a dor, mas ela continua. Pode ser que um dia ele não
faça mais efeito. Pode ser que um dia o roubem de você. Pode ser que um dia
haja uma dor tão grande que ele não mais surtirá efeito. E talvez quase ninguém
lhe ajude, porque muitos estarão com o colírio alucinógeno, tão confortáveis,
alucinados e/ou amedrontados, que não reagiram à sua dor, à dor alheia, porque
nem à sua própria dor reagem mais.
Mas
muitos de nós preferimos acreditar que é melhor usar o colírio alucinógeno,
enquanto pudermos. Afinal, enquanto eu puder aguentar, vou vivendo.
Contudo,
só conhece o que é o amor é quem sente a dor, quem a enfrenta e a transforma em
outra coisa, mais sublime.
Afinal,
o colírio alucinógeno, ao aliviar a dor, distorce também todas as outras
sensações e não conseguimos vivê-las plenamente. São os efeitos colaterais do
colírio alucinógeno.
Então,
há várias opções. Você pode viver programado, encastelado, enganado, alucinado,
controlado. Ou você pode viver livre, com todas as consequências que advém da
liberdade: da dor ao amor.
ATENÇÃO:
Por favor, se você não conseguiu ler o texto ou
interpretá-lo, suspenda o colírio alucinógeno!
Se você não consegue suspendê-lo, só a solidariedade
dos demais poderá resgatá-lo (a)!
Meu “diário de bordo”.
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